sábado, 7 de julho de 2012

Pessego em Calda


Agora pouco eu caminhava
Descalço em cacos de vidro
Amargurado e cínico
Sorrindo para as pessoas “bom dia”,
Um “bom” que não existia
Estava preso em um estado
Em que a dor parecia eterna.
Foi quando ela atravessou-me
Com a boca entre-aberta,
Os olhos de pêssego em calda
Derramavam algo que era meu,
Mas eu não sabia
Eu bem tentei frear a tempo,
Mas não mudei de sentido.
Queria ir ao seu encontro.
De forma não tão brusca,
Mas eu queria bastante.
Quando desci do carro
Ainda não estava morta,
Me olhou aliviada e quase
Pude ver um sorriso.
Baixinho ela me disse:
“Amigo, muito obrigada.”
E fechou os olhos com alívio.

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