domingo, 23 de setembro de 2012

Amor de beco





Nesse beco escuro e sujo
É que eu vou concretizar meu amor
Entre o cheiro de urina e os ratos
É que eu vou conhecê-la melhor.
Antes preciso embreagá-la
Para que aceite meu convite
Ou ao menos que vá comigo sem gritar,
O diabo vai nos filmar
E os mendigos vão aplaudir,
Talvez um viciado queira alguma moeda
E uma prostituta queira
Entrar na brincadeira,
Esse beco podre e esquecido
Será nosso ninho
E o que é instinto vai acontecer.
Palavras bonitas não combinariam
Com o urbano cenário,
Talvez findemos num estupro
E em seguida num assassinato,
Tudo simulado claro, pelo álcool!
E que palácio esse o nosso,
Ela me machucará se for com salto alto
Sujará o pé no esgoto.
Com violência rasgando seu sutiã
Me ferve o sangue apenas imaginar
Que por entre o escuro e o sujo
Eu vou arrastar teu corpo
E enquanto tua boca murmura um ‘não’
Eu vou te mostrar um beco.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um pedido formal de desculpas




Não é por nada, não foi por mal,
Mas se eu disser que foi sem querer
É como se quisesse me isentar da culpa
Que eu nem sei se é de fato minha
Mas a assumo de bom grado.
Não se vive só de agrados.
Não foi de caso pensado
Creio até que não pensei em nada
Quando o furacão estava se formando
Eu estava sentada no chão da sala
Comendo biscoitos, vendo Tv.
E quando tudo estava pronto
E o mundo inteiro estava contra mim
Foi isso o que eu consegui. Desculpe-me.
Foi num susto, um impulso,
Era preciso se tomar alguma decisão
E é impossível evitar que a chuva
Respingue em quem está na rua.
Então agora o que resta é paciência
Toda essa pressa nos trouxe até
Um nível de demência inimaginável
Eu acreditei que estava acordado
Enquanto meus próprios sonhos me enganavam.