quinta-feira, 21 de julho de 2011

minha doce vadia

Minha doce vadia
Eu te amo tanto...
Eu preciso de uma mulher bonita e selvagem
Pra pensar durante o banho,
Pra por a culpa dos meus fracassos
Pra espancar quando estou bêbado.
Faça meu jantar nua,
Quero ver sua bunda rebolando
Enquanto descasca cebolas e chora,
Eu não vou te dar a vida de princesa que você sonhou
Eu vou te dar o meu cruel amor.
Sorvete de chocolate na sua boca
E sangue em minhas mãos...
Esse blues tão triste diz que você
Vai cansar um dia e vai embora,
Mas eu te digo mordendo tua orelha:
Minha doce vadia eu esmago teus joelhos se der mais um passo!
Eu te amo tanto...
Me faça mais um drink, me faça massagem, me dê um ménage,
Siga o caminho do meu quarto,
Meu coração de gelo você já alcançou
Dizendo loucuras de amor com bafo de café,
Loucuras tão ferozes e pontudas que vão machucar seus ouvidos
E eu vou acariciar seus seios com meus pés
Não tente correr, minha arma está carregada
E repousa embaixo da cama enquanto dançamos.
Seja minha mulher para sempre
Seja meu sol de cada manhã e a escuridão a noite
Eu preciso de uma mulher pra dividir
Todo ódio que eu sinto de mim mesmo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

mais miséria



Meu filho

Eu vi meu filho
Sendo criado por outra mãe,
Segurando seu cobertor marrom
Descalço e sujo pelo chão,
Com o corpo sem carnes
Enquanto um homem
O enxotava de seu leito
Como quem enxotava um cão.
Esse homem era seu pai.
Confesso, eu tive medo
De fazer um carinho no meu filho,
Preferi ficar de longe olhando
O quanto o maltratavam,
Enquanto eu indignada
Pensava comigo: que absurdo!
E segui entristecida
Consciente de que a rua
Pode não ser carinhosa
Mas é melhor mãe do que eu,
Ela não abandona seus filhos.

Miséria


Prostituta

Sozinha na calçada
A prostituta esperava
Mastigando a língua,
Esperando por alguém,
Qualquer um
Que a levasse pra
Qualquer lugar
Pra beber qualquer coisa
Nem que seja
Num lugar barato
Pra lhe pagar uma esmola
Por sua companhia.
Sozinha na calçada
Com a bolsa vazia,
A cara pintada,
A depilação atrasada
E a conta de luz também.
Vestida do modo
Mais vulgar e frio,
O quadril era
O que lhe dava alimento
Enquanto servia
De distração a estranhos.
Quando para um carro
Preto com um cara
Estranho de terno
E ela entrou sorrindo.
Continuou tão sozinha
Como sempre esteve.