sexta-feira, 21 de outubro de 2011


Você devorou meu mundo
Embaixo do teu lençol,
Querida você me destrói
Com esses dentes tão afiados
E com essa sua doce voz
Gemendo e gritando ao meu lado
E eu te imploro “não se afaste”.
Um dia você me marcou
Com o ferro quente do teu brasão
E em minha coxa esquerda ficou
A marca do teu ferrão, senhora,
Minha dona que me destrói
Mas reconstrói quando consola
E aos pés da cama vem me acudir,
Vem me aturdir, vem ser pra mim.
E a alça do teu sutiã
Se arrebentou em minas mãos
E a alça do meu coração
Você simplesmente deixou cair.
Querida você me destrói.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Foi o senhor quem implantou
Este maldito vírus no meu corpo
E ele me causou esta sede imensa,
Sinto tanta sede...
Sinto tanto desejo...
Sinto força e sinto ódio.
Desde que senti teu beijo
Eu não sinto mais nada.
Amarra-me, empala-me,
E me ponha de enfeite no teu jardim
O sangue na virgem me regará.
Meu reflexo não aparece mais
Nem por isso estou invisível,
Os anos não me tocam mais o rosto,
O sol também não pode tocá-lo.
Por que me castigou me amando?
Maldiçoou-me libertando-me,
Arrastou-me para a morte
E agora ela não pode me pegar
Mesmo assim temo a estaca,
O alho, a cruz e a água benta.
Nem morto, nem vivo, o que sou?
“Beija-flor” de sangue e amor
Meu Conde e senhor eu suplico:
Amarra-me, empala-me,
E ponha-me em teu castelo de horror
O sangue da virgem me regará.  



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um Corpo


  Você foi meu pai, minha mãe, meu filho,
Meu melhor amigo e minha namorada,
Minha companhia e a causa da solidão.
Você foi o tormento durante o dia
E o amor e a calma durante a noite.
Você foi meu alimento e minha água
Por que me deixou com fome e com sede?
Você foi a loucura e o desespero
O motivo pela qual fugi de casa,
Minhas lembranças e memórias,
Minha alegria infinita e a dor irremediável,
Minha duvida e minha resposta,
Minha liberdade e minha prisão,
Meu cigarro, minha garrafa de rum.
Você foi a história de amor que eu tive
Aquela na qual nunca aconteceu,
Você foi a mentira que acreditei,
O dinheiro que gastei, minha ilusão,
A maior decepção que tive na vida.
Hoje você é um corpo sobre a mesa.

sábado, 1 de outubro de 2011

Colares de perolas e mulheres

Dos meus pulmões sopra uma força
Que ecoa mais forte e mais alto que a minha voz,
Das profundezas do meu útero, do meu pâncreas...
E quando eu não lembro nem mesmo quem sou
É apenas fechar os olhos que a resposta vem
De dentro de mim como um forte vomito
Minha essência, meu liquido biliático.
Movendo-se como um furacão,
Não existem deuses nem demônios,
Não há nada alem de mim aqui dentro,
Tão escuro e sombrio o meu mundo aqui
Onde ninguém pode me alcançar pra me criticar
Pra me ferir ou me tocar,
Eu sou deus. Eu sou lúcifer. Eu sou um pouco mais que isso
Eu sou muito mais que tudo isso,
E não é pretensão ou vaidade.
É a verdade daquilo que eu sou e sinto.
A uma certa distancia do mundo, meus olhos são câmeras
E nada pode me deter de alcançar o que eu quero,
Nunca é frio ou quente demais,
Ninguém é bom ou ruim o bastante.
Num espaço muito maior do que todo o universo
Estrela negra de infinitos particulares,
Colares de perolas e mulheres,
Que sangue e que poder delicioso!
Estrela negra do paraíso escondido,
Sereias, medusas, bruxas, mulheres.