quarta-feira, 28 de setembro de 2011

No penhasco


  No alto desse penhasco eu sou a sorte
E nunca se pode saber
Quando a sorte vai mudar,
Hoje se está em cima, amanhã...
No alto desse penhasco eu sou o vento
Beijando a face do suicida,
Abraçando sue corpo e o levando
No longo caminho até embaixo
Assanhando seus cabelos durante a queda.
No alto desse penhasco eu sou a rocha
Que se mantém imutável e confiante,
De onde cai um pedaço todo dia,
O ser que nunca vai tocar o céu.
No alto desse penhasco eu sou a morte
Gritando por sangue fresco,
Implorando por um novo amor
Para compartilhar comigo os mistérios
E por um instante saber o que é
Beijar pela primeira e ultima vez minha boca.
No alto desse penhasco eu sou a vítima
No auge do desespero e da dor,
Misturando-se aos elementos da natureza
Esperando que a gravidade
Me dê o seu melhor.

 
Quando vou pegar sua mão e cantar canções para Você
E talvez você poderá me dizer:
"venha para mim e me ame"
E eu ficaria, com certeza.

Mas eu sinto que estou ficando velho
E a música que eu tenho de cantar
Ecoa distante
Como o som
De um moinho de vento rodando
Acho que sempre serei
Um soldado da sorte"
 
(trecho tradução Soldier of Fortune - Deep Purple)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

atendendo a pedidos: SANTA PUTA

Santa Puta, ela vadia
Deus me livre da boca fria
Que tem aquela mulher.
Lenta e discretamente
Ela como seu fígado
E some no calar da noite.
Santa Rosa, ela belíssima
A vagaba moderníssima
Que mora no vigésimo andar,
Acho que vou me matar...
Como pode ser tão falsa?
E tão bela a mulher de graça
Que desfila, não passa,
Que passa e não olha pra mim.
Santa dança, Madalena
Não sei se Cleópatra ou Helena
Deus me livre do feitiço
Que tem o olhar dela mulher.
Que não olha, atravessa,
Na garganta já começa
A sufocar quem acredita
No canto da serei maldita
Que é minha vizinha o lado,
Toda noite um namorado
Mas não da bola pra mim.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Amantes


 
Amantes,
Vocês me incomodam
Com tantas carícias
E beijos angustiados.
As mãos cegas
Tatuam desejos
Em plena rua,
Alcançam as nádegas.
Amantes,
Vocês são nocivos
Com suas línguas ácidas
E olhares impuros
Expelindo desejos
De primitiva origem
Contagiando a todos.
Corpos quentes.
Mentes frias.
Amantes,
Vocês me enojam
Com esse falso amor,
Carne sobre carne,
Antropofagia anunciada.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Acordar


Não me dê suas drogas de acordar
Levantar da cama pra que?
É um mundo fora o meu,
Acordar é estar concordando,
Acordar pra morrer de olhos abertos,
Não se ganha sendo um mártir.
O mundo das coisas poucas:
Migalhas e farelos alimentam nações;
O mundo dos exageros:
Assassinos, estupradores, políticos.
Acordar é deixar que façam
De mim objeto de manipulação,
Acordar pra ver sangrando
Até a ultima gota e morrer
Permanecendo de olhos abertos.
Acordar é cometer meu próprio aborto.