sábado, 16 de abril de 2011

uma homenagem de medo

Para a condessa Elizabeth Báthory:
Minha condessa querida,
Que bela pele é essa que te cobre a face,
O sangue impuro e pobre da tua criada
Te rende juventude e beleza...
Minha condessa temida,
Não ponha teus alfinetes entre meus dedos
Poupe meu corpo dos teus castigos cruéis
Que eu juro que durmo contigo e te faço
Esquecer do seu marido que foi pra guerra!
Sou sua Anna, amante terrível
Sou quente na cama e cruel,
Tão cruel quanto você quiser que eu seja,
Eu amaria você mesmo tendo que matá-la
Pra não morrer, eu amaria sua filha
Mas só aquela que tem meu nome.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

mulher, eu te amo tanto que queria matá-la afogada numa chicara de café






Olhos noturnos

Os seus olhos noturnos
Fizeram-me afundar como se fossem rio
E fizeram-me perder a noção
Da diferença daquilo que eu
Sou ou não capaz de fazer.
A boca mais parecia
Fruto selvagem doce e maduro,
As mãos mais pareciam
Garras e os braços correntes,
Aprisionaram-me e eu me preenchi
Da tua essência nebulosa e secreta
Que se revelou a mim
De forma pouco convencional.
Através dos seus olhos noturnos
Eu conheci a beleza da noite
E me entreguei aos encantos da madrugada
Que de tão fria queimava,
Que de tão minha gemia,
Que de tão natural refletia
Dentro do quarto, dentro dos teus olhos,
Íris negra, pupila violenta

terça-feira, 12 de abril de 2011

"Rainha dos tumulos e dos tumultos, eu te recriei e a coloquei do lugar mais longuilineo do espaço, meu espaço, meu dinheiro, meu poder, sua mageste...meu amor...''


Rainha

Rainha do meu passado
Eu te adorei como se a uma santa,
Fiz canções de amor, serenatas,
Você tinha belos sapatos,
Mas a poeira sob eles não foi diferente
Da poeira dos chinelos da sua criada.
Eu te contei historias e ninares
Reneguei a tudo e a todos,
Te jurei lealdade e fidelidade eterna,
Me banhei no perfume do teu hálito,
Te recriei e enalteci.
Rainha, minha rainha amada
Eu te encontrei descabelada e seminua
Na beira da estrada deserta,
Embora extremamente duvidosa
Te botei dentro do carro
E te fiz minha rainha.

sábado, 9 de abril de 2011

Dentro de mim

Dentro de mim está o carma
Diz o horóscopo,
Dentro de mim está o vírus
Prega a ciência.
Dentro de mim está o mundo,
Estão canções de amor e remédios,
Hinos suicidas e suas flores,
Está o alimento e a merda,
Está o pulmão e a fumaça,
Um cérebro e vários neurônios
Uma pitada de juízo
E litros e litros de vodka.
Dentro de mim está a fome,
O ódio o desejo e a fúria,
Dentro de mim estão os ossos
E o amor que sinto por ela,
Estão os rins e o sangue,
2/3 do fígado e a bile,
Estão o útero e o óvulo
Ainda não fecundado.
Mesmo assim dentro de mim
Estão meus filhos e amantes,
O consumismo inveterado,
O lúdico sonho errante,
Dentro de mim está o começo
E o fim da minha viagem.
Estão o mau, o bem e a libido,
Estão Deus e o diabo
E eu que sou meu inimigo
Também durmo e respiro dentro de mim.



quinta-feira, 7 de abril de 2011


Fagulhas

Fagulhas caem sobre a cama
Queimam meus olhos,
Os meus cabelos e o meu corpo,
Queimam o quarto.
Fagulhas de ódio e medo,
Medo de ser encontrada
Pega de surpresa na estrada
Estuprada e esfaqueada
Até a morte.
Eu não estava bêbada,
Eu não estava drogada,
Mas vi da lâmpada
Caírem fagulhas vermelhas
Queimando o que tocavam.
Queimaram o tapete novo,
As roupas sujas sobre a cadeira,
Os livros velhos da estante.
Queimaram rápido todo o quarto,
Queimaram lento todo meu corpo

J.J

Ele cantou, bebeu, fumou o celular
Trancou-se dentro daquela lata
Esqueceu por um instante
Que amava e que fazia poesia,
Esqueceu o que dizia na manhã seguinte.
Ouvindo a musica atordoante
Quis cantar com os presentes,
Outros partiram pra não ver
O homem que se escondeu
Em algum lugar indiscreto
Bem no meio da sala de estar.
Mentes geniais fazem coisas questionáveis.
Eu também o condenei
Mesmo tendo cometido o mesmo pecado,
O fim da noite no fundo da rede,
Criança carente e sem consolo,
Ele foi a prostituta barata e burra
Durante aquela madrugada barulhenta.

terça-feira, 5 de abril de 2011


Moça I

Moça que se veste discreta,
Que condena a pura
Admira a devassa e dorme
Com a consciência tranqüila
Mesmo com tantos pecados.
Moça do olhar abandonado
Órfã de carinhos sem malícia,
Doente de ciúmes e vícios,
Se você fuma tanto assim
Vai acabar tendo um câncer,
Se não fumar nunca
Nunca vai saber como é.
Moça de cabelos presos
E língua solta e sem pudor,
Você rejeitou um bom rapaz,
Você trepou com um gigolô,
Você cobiçou aquele colar,
Você lambeu aquela mulher,
Você bebeu e mostrou os peitos
Alguém tirou sua calcinha.
Moça que caminhava lenta
Assobiava baixo detraída
Pela avenida movimentada,
Um motorista que cantava Raul
Te atropelou por acidente
Você morreu de imediato,
Eu nunca pude saber sue nome.


domingo, 3 de abril de 2011



Legitima defesa

O impasse se deu
Quando ela desceu chorando as escadas
Banhada pelo sangue de um homem
Na qual ela havia amado
E matado alguns dias após,
O fatídico dia em questão.
A verdade é que ela jura
Ter sido em sua legitima defesa,
Mas há quem afirme que não.
No dia anterior ela o foi visitar,
Chegando lá as roupas no chão
Da sala de estar entregaram tudo,
Gemidos vindos alto do quarto,
Ele estava com outra mulher.
Ao invés de dar escândalo
Saiu calada aproveitando não ter
Sido vista e o esperou em sua casa
Como habitualmente fazia
E o pediu que levasse sua arma,
Alegou estar sendo ameaçada.
E os três tiros em seu peito
Ela contou ao delegado que foi pânico,
Ele estava enciumado e disse que a mataria,
Depois de uma terrível luta corporal
Ao defender-se o atingiu acidentalmente

sábado, 2 de abril de 2011



Fruta

Tua luxúria escorre
Até tuas unhas
Cor de escarlate,
Veneno de ilusão.
Despencou da árvore
Feito fruta madura
E eu te comi inteira
A começar pelo pé,
Até te ter de propósito
E cuspir o caroço
E rejeitar a casca
E renegar o gosto
Dizendo ser ruim.
Filha do mato
Os teus filhos são
Filhos da puta
E os teus amantes,
Homens sem coração.
Quem era rosa
Quando menina
Virou fruta madura
Cedo demais,
Depois que alguém
Já comeu, eu?

Viceral

Quero algo viceral,
Que jorre dos seios
Banhados em sangue,
Algo que de tão vivo
Esteja desaparecendo,
O ultimo sopro!
Quero beber do leite
Extraído do fígado,
Quero comer o fígado
Direto da fonte.
Algo que me deixe pasma
Num desencargo
De consciência apodrecida,
Que me esmague o crânio,
Me chupe os miolos
Quente e violento
Fornalha infernal.
Quero prazer mundano,
Mulheres divinas
E um machado bem grande
Ou uma serra elétrica.
Quero lamber o útero,
Mastigar as amídalas,
Churrasco de costela
Coração no espeto!
 "Carry, a estranha." hoje me sinto assim, meio carry...