quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Monstro



Como uma pena que flutua
Sem pressa ou qualquer compromisso
Ouço canções de doces crianças
Bem diferentes da que eu fui um dia.
No perfume que o vento me trás
Sinto alguns sorrisos e outras lágrimas,
Toda essa carícia por entre os cabelos,
Vigiando nuvens, sinto-as travesseiros,
Rodo em torno do meu eixo. É assim.
Solitário de um carinho materno
Deslizo largo no espaço aberto,
Eu sou um aborto que não triunfou,
Guardo em mim a marca que não apagou
E com tanto peso sobre os ombros
Danço um balé sobre tais escombros
Por motivos tortos ainda sei sorrir!
Compadecido da própria piedade
A verdade é a dura, navalha afiada,
Mas eu guardo em mim o que é monstro
E mostro o sonho de um quase amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário